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...e cantar livremente O que é finitude E o que perdura. Unir numa só fonte O que soube ser vale Sendo altura. HILDA HILST
domingo, 30 de setembro de 2007
PALAVREADO
Quem tem
a palavra
como musa
e vive de encontrar
um jeito novo
de incrustá-la
qual rubi
na emoção
do povo,
sabe mais
porque não vive em si,
na superfície retilínea
da expressão.
Quem tem
a palavra
como musa
quando a come,
se lambuza,
não consegue
mais parar...
E se tenta
dominá-la,
retê-la
em suas mãos
qual ditador
de sentidos,
vê-se logo
surpreendido
por sua
vontade aérea
de tão somente
expressar...
Quem tem
a palavra
como musa
tem que gostar
de brincar
de arremesso
e pique-esconde;
não deve ter
medo de escuro,
bicho-papão
ou destino.
Tem que gostar
de amar
(às vezes, qual
gente grande,
mas sempre
como menino...)
Quem tem
a palavra
como musa
carrega
um continente
de ternura
e uma arca
prontinha
a se abrir;
(tem que fazer
alquimia...
gostar de
redescobrir...)
OLHAR
(Fotografia: Maria São Miguel)
"Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E, quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
ME AJUDA A OLHAR!"
(Texto: "A Função da Arte" , de "O LIVRO DOS ABRAÇOS" - Eduardo Galeano)
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sábado, 29 de setembro de 2007
TOSCANA
Uma bela região da Itália;
paisagem de sonho
e poesia.
Recanto que
guardo na
alma...
******** (Desconheço a autoria da foto)
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
terça-feira, 25 de setembro de 2007
OTIMISMO E ESPERANÇA
ALÉM DA TERRA, ALÉM DO CÉU
Além da Terra, além do Céu,
no trampolim do sem-fim das estrelas,
no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar,
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!
vamos conjugar
o verbo fundamental essencial,
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo e da moeda e da política,
o verbo sempreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver.
(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)
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Fonte da imagem: http://www.helix.blogger.com/
LANÇAMENTO!
Seu emprego: taxista. (...) Sua missão: algo de muito importante, com o potencial de mudar algumas vidas. Por quê? Determinado por quem? Isso nem ele sabe.
MARKUS ZUSAK , autor do best-seller A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS, nos fornece essas respostas bem aos poucos neste incomum romance de suspense, escrito antes do seu maior sucesso. O que se sabe é que ED, um dia, teve a coragem de impedir um assalto a banco. E que, um pouco depois disso, começou a receber cartas anônimas. O conteúdo: invariavelmente, uma carta de baralho, um ou mais endereços e...só. Fazer o que nesses lugares? Procurar quem? Isso ele só saberá se for. Se tentar descobrir. E, com o misto de destemor e resignação dos mais clássicos anti-heróis, daqueles que sabem não ter mesmo nada a perder nesse mundo, é o que ele faz.
ED conhecerá novas pessoas nessa jornada. Conhecerá melhor algumas pessoas nem tão novas assim. Mas, acima de tudo, a sua missão é de autoconhecimento. Ao final dela, ele entenderá melhor seu potencial no mundo e em que consiste ser um mensageiro."
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
sábado, 22 de setembro de 2007
LIBERDADE
e que ninguém não ensina: o bêco para a LIBERDADE se fazer."
***************( Riobaldo em "Grande sertão: veredas", de Guimarães Rosa ) Fonte da imagem: www.aldinaduarte.com
tão antigos como um primeiro sopro.
E que me fazem não poder deixar de sorrir. (...)
Muito antes de vir a nova estação, já havia o prenúncio:
inesperadamente uma tepidez de vento, as primeiras doçuras do ar. (...)
Impossível que esse ar não traga o amor do mundo! (...)
Esse primeiro calor ainda fresco traz tudo. Apenas isso, e indiviso: tudo."
(...)
( "Aprendendo a viver" - Clarice Lispector )
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sexta-feira, 21 de setembro de 2007
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
FOTOPOEMA
Poesia: ADRIANA FALCÃO
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( Trabalho selecionado e exibido
no 58º Salão Paranaense - 2001)
domingo, 9 de setembro de 2007
LEITURAS
A fila está grande. São livros e mais livros à espera. Dois, no entanto, foram lidos neste feriado: "Tempo de Delicadeza", de Affonso Romano de Sant'Anna e "Chão de Vento", de Flora Figueiredo. Prosa e Poesia que me chegaram como alimento para a pausa do cotidiano.
Divido uma parte com vocês.
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O QUE APRENDEMOS ATÉ AGORA
A vida vai nos levando e, às vezes, a gente pára e se pergunta: "Mas o que foi que aprendi de essencial até agora?".
Essas rugas, esses cabelos brancos, esses filhos, esses netos, todos esses corpos, casas e países habitados, todos os jornais e livros que lemos ( ou que nos leram), os animais que tivemos, tudo o que nos exibiram nos museus do espanto, enfim, tanta alegria e perplexidade, tudo isto, para quê?
(...)
Talvez o verdadeiro aprendizado comece quando descobrimos que certas perguntas não têm respostas, que a arte da vida não está em achar respostas, mas em trocar de perguntas(...).
Sobre o amor a gente julga ter aprendido algo, mas sempre se surpreende que está repetindo as lições. Ah! o amor - esse interminável aprendizado. Cada amor é um amor, cada amor um jeito de amar o próprio amor. E reconhecendo que o amor é a essência das essências, então a gente pode reconhecer que erraram os que disseram que era o trabalho, a luta de classes e a guerra que moviam a história. O que move a história e nossos pequenos gestos é o desejo. O desejo e seus desdobramentos: amor e paixão.
Aprendemos, então, que se ama diferentemente em cada idade. E a perícia maior na arte de amar é descobrir as sutilezas do amor que em cada idade o amor nos doa.
Aprende-se com isto que o amadurecimento tem o som, o ritmo do adágio. Para trás vai ficando o saltitante "allegro vivace", chega um tempo em que assumimos o ritmo do discreto outono. E a nossa figura incorpora aquilo que se chama a pátina do tempo.
Aprende-se que as amizades são delicadas. São muito delicadas as amizades, e muitas podem se romper ao mínimo descuido, e cultivá-las está entre a arte do ikebana e a arte da porcelana.
(...)
Aprende-se que, na verdade, precisaríamos de poucas coisas, que a volúpia de possuir e de acumular é uma perversão dos civilizados. Precisamos de uma casa, do amor, da família, de meia dúzia de objetos e amigos, precisamos que nos respeitem, e, no entanto, meu Deus!, como é difícil obter isto.
(...)
Às vezes tenho a pretensão de achar que já estou começando a entender certas coisas. Há muito que tenho essa sensação, de que um certo sentido vai se configurando. Daqui a uns cem anos, quando eu morrer, vou pedir para me colocarem esse epitáfio entre duas reticências:
"...logo agora que eu estava começando a compreender...".
("Tempo de Delicadezas" - Affonso Romano de Sant'Anna) ********************* COMO NASCEM AS MANHÃS
O fundo dos olhos da noite
guarda silêncios.
Esconde na retina
a menina que corre descalça em campo aberto.
Pálpebras cerradas, a noite emudece.
A menina com medo
faz um furo no escuro com a ponta do dedo.
Cai um pingo de luz.
Amanhece.
("Chão de Vento" - Flora Figueiredo)
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(Imagem de autoria desconhecida)
(Imagem de autoria desconhecida)
sábado, 8 de setembro de 2007
"DE DELICADEZAS ME CONSTRUO"
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
O DONO DA VOZ DE SOL
Na pauta,
um tom de silêncio
e um ruflar
de asas afinadas:
rouxinol mudou de casa.
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Fonte da imagem: www. teknomatika. wordpress.com
ESSÊNCIA...
DO AMOR
é saber dar: o gesto
lavado, isento de preço.
Mais difícil receber:
descobrir dentro da dádiva
nada mais do que a alegria
do amor que no amar se cumpre.
("Dar e Receber" - Thiago de Mello)
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(Imagem de autoria desconhecida)
CANTILENA
mais que nunca é preciso cantar!
É preciso cantar e acordar a cidade!
(...)
Porque são tantas coisas azuis,
há tão grandes promessas de luz,
tanto amor para amar que a gente nem sabe"!
(Carlos Lyra e Vinícius de Moraes) *******
Fonte da imagem: 1000 imagens
Estive entre lembranças que o tempo deixou impressas...
Revi-as como quem veste uma roupa antiga e se alegra de recordar.
A vida impôs o seu ritmo, trouxe as rugas e a lição de transcendência como destino.
A valsa, porém, perdura com zelo na memória...
Ainda que os passos sejam lentos, bailo para lembrar que a beleza é possível como forma de resistência.
Reverencio o que, na essência, é conexão. Tudo o que nos liga exala permanência... Por isso me vejo a folhear vivências e a recolher perfumes que a alma arquivou: pedaços de uma história... conversas de fazer-bem... olhares prolongados de esperança... e um sem-número de emoções flagradas ao entardecer...
O coração dá o compasso. E o que é névoa se esvai...
A música absorve o instante que, absoluto, desliza com precisão.
(EU CANTO PARA ESPERAR...)
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quinta-feira, 6 de setembro de 2007
IR(REALIDADE)
"... alguma coisa no ar
me avisa que vem coisa nova,
e eu me alvoroço toda, não sei para o quê."
("Aprendendo a viver" - Clarice Lispector)
MANIA DE EXPLICAÇÃO
Era uma menina que gostava de inventar uma explicação para cada coisa. Explicação é uma frase que se acha mais importante do que a palavra. As pessoas até se irritavam, irritação é um alarme de carro que dispara bem no meio de seu peito, com aquela menina explicando o tempo todo o que a população inteira já sabia. Quando ela se dava conta, todo mundo tinha ido embora. Então ela ficava lá explicando sozinha.
Solidão é uma ilha com saudade do barco.
Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança pra acontecer de novo e não consegue.
Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.
Autorização é quando a coisa é tão importante que só dizer "eu deixo" é pouco.
Pouco é menos da metade.
Muito é quando os dedos da mão não são suficientes.
Desespero são dez milhões de fogareiros aceso dentro de sua cabeça.
Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.
Agonia é quando o maestro de você se perde completamente.
Preocupação é uma cola que não deixa o que não aconteceu ainda sair de seu pensamento.
Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que devia querer outra coisa.
Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.
Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.
Pressentimento é quando passa em você o trailler de um filme que pode ser que nem exista.
Renúncia é um não que não queria ser ele.
Sucesso é quando você faz o que sempre fez só que todo mundo percebe.
Vaidade é um espelho onisciente, onipotente e onipresente.
Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.
Orgulho é uma guarita entre você e o da frente.
Ansiedade é quando faltam cinco minutos sempre para o que quer que seja.
Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada especialmente.
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.
Tristeza é uma mão gigante que aperta o seu coração.
Alegria é um bloco de Carnaval que não liga se não é fevereiro.
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.
Decepção é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.
Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia.
Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia.
Perdão é quando o Natal acontece em maio, por exemplo.
Desculpa é uma frase que pretende ser um beijo.
Excitação é quando os beijos estão desatinados pra sair de sua boca depressa.
Desatino é um desataque de prudência.
Prudência é um buraco de fechadura na porta do tempo.
Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.
Emoção é um tango que ainda não foi feito.
Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.
Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
Desejo é uma boca com sede.
Paixão é quando apesar da placa "perigo" o desejo vai e entra.
Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. Não. Amor é um exagero...
Também não. É um desadoro... Uma batelada? Um enxame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego? Talvez porque não tivesse sentido, talvez porque não houvesse explicação, esse negócio de amor ela não sabia explicar, a menina.
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TEXTO: Adriana Falcão
IMAGEM: elotopia.net
[Presente de flor,
fragância e poesia,
este texto me chegou
como um carinho para o coração.
AGRADECIDA!]
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
sábado, 1 de setembro de 2007
SOL DE PRIMAVERA
"Quando entrar setembro
E a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
Onde a gente plantou
Juntos outra vez
Já sonhamos juntos
Semeando as canções ao vento
Quero ver crescer nossa voz
No que falta sonhar
Já choramos muito, muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar uma nova canção
Que venha nos trazer
SOL DE PRIMAVERA
Abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cor
Só nos resta aprender"
*****
(Beto Guedes e Ronaldo Bastos)
[Para que setembro se inicie no tom da Luz e nos renove a capacidade de reflorir a alma!...]
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