Aprendi a dar laços quando ainda era uma menina.
Lembro-me bem da lição: delicadeza e desenvoltura nos movimentos... Importante era dar a laçada sem tranformá-la em nó. Tarefa difícil para mãozinhas inexperientes nessa arte que deve resultar em beleza.
Sim, porque laço pronto mais se parece com borboleta em voo...
Com o tempo, ganhei maior habilidade no exercício e pude ver meus laços cada vez mais firmes e belos!...
Hoje, ao recompor essas lembranças, percebo que aquela experiência da infância me capacitou a extrair outras lições da metáfora do laço, afinal, a vida nos pede, em seu percurso, a construção de relações onde os nós sejam desfeitos para sempre e a beleza dos laços bem feitos se expresse como direção segura.
Entrelaçados, complementamo-nos uns aos outros. Natural, pois, que estejamos atentos à forma como estabelecemos nossas relações afetivas: amaremos o outro sem sufocá-lo em nossos nós egoísticos; firmaremos laços diversos, conscientes do respeito que devemos à liberdade de cada ser; estaremos sempre unidos por laços de afinidade, que nos possibilitem crescimento contínuo...
Se reflito sobre essas coisas , é porque já não sou mais aquela menina às voltas com os laçarotes da infância...
Sinto, na alma, uma pulsão que me move a agir sobre bases amadurecidas.
Sei, também, que o que sou resulta, e muito, das relações profundas com que fui aprendendo ao longo dos tempos... Cada uma delas, sem exceção, um laço de luz a nortear meus caminhos.
Por isto é que laços de afeto são, para mim, uma necessidade; respiração da alma talvez...
( Desconheço a autoria da foto )