terça-feira, 31 de março de 2020

O COLECIONADOR



Meu coração peregrino,
sem jeito de se encontrar, 
anda daqui para ali, 
corre de lá pra cá.
E se perde por vielas,
aos pulos, em desatino
ora com medo, assustado,
ora levado e ladino.


Agora deu, o danado,
de colecionar saudade:
de gente, fatos, lugares,
memórias que não têm fim...

Pergunto-lhe se é vantagem
brincar com lembranças idas
e que jamais voltarão.
Ele então me responde
que a vida dá os caminhos
e a gente faz a opção;
um coração sem saudade,
 sem nada para lembrar,
bate fora do seu ritmo,
é como onda sem mar...

Calo-me, sem argumento
ante tal filosofia,
enquanto ele segue atento,
colecionando poesia...

(Imagem de autoria desconhecida)

quinta-feira, 26 de março de 2020



  PANDEMIA
( poema de quarentena)

Resultado de imagem para pandemia

Foi preciso forçar a pausa, 
ante o tom de perplexidade...
( Sob a ameaça invisível,
desalinho em toda parte!)

Foi preciso calar o ego
e ouvir a íntima voz;
recuperar os velhos rumos
 e  se desvencilhar dos nós.

Foi preciso muita coragem
no isolamento prescrito;
cada qual era um deserto,
reverberando o seu grito.

E quanto mais eram afastados,
 mais se buscavam com sede,
mais expunham a sua essência,
conectando-se em rede. 

Se o mundo, estupefato,

globalizava a sua dor,
a vida gerava as sementes
de um tempo mais promissor.

Todo o esforço foi preciso
(também toda a indignação!)
para a proteção do outro
em uníssona oração.

Foi preciso, então, que, à distância,
o encontro não se perdesse,
que os sentimentos falassem,
e os sonhos, no fim, vencessem...



Fonte da imagem:

www.brasilescola.uol.com.br












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