Meu coração peregrino,
sem jeito de se encontrar,
anda daqui para ali,
corre de lá pra cá.
E se perde por vielas,
aos pulos, em desatino
ora com medo, assustado,
ora levado e ladino.
Agora deu, o danado,
de colecionar saudade:
de gente, fatos, lugares,
memórias que não têm fim...
Pergunto-lhe se é vantagem
brincar com lembranças idas
e que jamais voltarão.
Ele então me responde
que a vida dá os caminhos
e a gente faz a opção;
um coração sem saudade,
sem nada para lembrar,
bate fora do seu ritmo,
é como onda sem mar...
Calo-me, sem argumento
ante tal filosofia,
enquanto ele segue atento,
colecionando poesia...
(Imagem de autoria desconhecida)