Era um bichinho solitário e esquisito. Meio lagarta, meio coruja. Por onde passava, provocava incansáveis exclamações: "Que feio!" "É uma aberração mesmo! E de óculos!"
Ele, porém, nada dizia. Habituara-se, em silêncio, a enxergar mais além...
Foi assim que, um dia, encasulou-se para cumprir seu destino.
Não foi nada fácil acomodar-se ao pequeno espaço com as enormes lentes que o comprimiam! Se ao menos fossem lentes de contato, pensava ele na escuridão viscosa, não precisaria passar por tanto aperto!"
Findo o prazo, o casulo se abriu numa explosão de cores e transparências!... E era tanta a luz, que a olho nu, ficava impossível vislumbrar a leveza caleidoscópica daquele novo ser! Suas asas de vidro refletiam o sol e o seu brilho ofuscava! Por mais que se esforçassem, olhos comuns pareciam míopes àquele espetáculo natural!
Instado a explicar tal fenômeno, o mais sábio de todos esclareceu com simplicidade:
- A vida é uma lição exuberante de beleza. Para apreendê-la, em sua essência, é preciso harmonizarmos os olhos com os bons sentimentos. A visão da beleza é um longo exercício que requer de todos nós lentes especiais!...
Fonte da imagem: www.etete.com.br