terça-feira, 31 de março de 2020

O COLECIONADOR



Meu coração peregrino,
sem jeito de se encontrar, 
anda daqui para ali, 
corre de lá pra cá.
E se perde por vielas,
aos pulos, em desatino
ora com medo, assustado,
ora levado e ladino.


Agora deu, o danado,
de colecionar saudade:
de gente, fatos, lugares,
memórias que não têm fim...

Pergunto-lhe se é vantagem
brincar com lembranças idas
e que jamais voltarão.
Ele então me responde
que a vida dá os caminhos
e a gente faz a opção;
um coração sem saudade,
 sem nada para lembrar,
bate fora do seu ritmo,
é como onda sem mar...

Calo-me, sem argumento
ante tal filosofia,
enquanto ele segue atento,
colecionando poesia...

(Imagem de autoria desconhecida)

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