"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa.
A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."
GRACILIANO RAMOS , autor de "Caetés" e "Vidas Secas"
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Fonte: Revista "Língua Portuguesa "- edição especial (REDAÇÃO)
2 comentários:
aiaia..que coisa mais linda...
não somente a escrita deveria ser assim amis tb a nossa vida...
um xero!
Rose... que espaço lindo....
Adorei aqui!
Agora sou sua seguidora.
beijos
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