sexta-feira, 5 de outubro de 2007

ALQUIMIA

O fio da palavra
vem de longe
e desaba seu tom
furta-cor sonoro
nas redondezas
de minha mão.
Estremeço.
Poesia é vento frio,
soprando
na espinha
do sentido -
carece de aquecimento.
Então me ponho
a lançar redes
como quem pesca palavras
pra descobrir um começo.
Algumas me chegam frescas,
prontas para o consumo
na mesa posta do verso;
outras se agitam,
matreiras,
fazendo-se de rogadas -
mas meu ofício é sagrado,
não vive de desistir.
Preparo um bom arremesso:
garanto o meu começo
com a pescaria do dia.
Estendidas todas as redes,
o papel, por fim,
me aguarda.
É quando
me chamo
fada
a transmutar
palavras
com
varinha de condão.

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