sábado, 29 de novembro de 2008

NATURAL

E quando o mar fez parceria com nuvem e céu,
a voz de tudo se aquietou;
a luz, em cada traço,
foi servida sem recato -
em torno a vida espraiava...
( Imagem de autor desconhecido )

POSE EM PRETO E BRANCO


sexta-feira, 28 de novembro de 2008

SOBRE A SOLIDÃO

( Fonte da imagem: www. egasmoniz2.blogs.sapo.pt )

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

COM O SABER CRESCE A DÚVIDA

Devo ensinar-lhe, Tzu-lu, no que consiste o conhecimento? Quando você sabe alguma coisa, reconhecer que sabe; e, quando você não sabe alguma coisa, reconhecer que não sabe. Isso é conhecimento.
CONFÚCIO ( Século IV A.C. )

terça-feira, 25 de novembro de 2008

LIVROS NOVOS!

Não resisti; acabei comprando para meu 'kit" de férias!
Acho que são bem interessantes!

"MEDO LÍQUIDO" e "AMOR LÍQUIDO - sobre a fragilidade dos laços humanos" são de um dos sociólogos mais respeitados da atualidade: ZYGMUNT BAUMAN.
O primeiro nos mostra que, "no início do século XXI, o medo generalizado está de volta. Tememos catástrofes naturais, a violência das grandes cidades, o terrorismo, o desemprego, a rejeição amorosa. Vivemos sob ansiedade constante e a ameaça de perigos que podem se tornar realidade a qualquer momento, em qualquer lugar."
O segundo nos adverte sobre o fato de que "a modernidade líquida em que vivemos traz consigo uma misteriosa fragilidade dos laços humanos - um amor líquido. A insegurança inspirada por essa condição estimula desejos conflitantes de estreitar laços e ao mesmo tempo mantê-los frouxos." O autor "radiografa esse amor, tanto nos relacionamentos pessoais e familiares quanto no convívio social com estranhos. Com a percepção fina e apurada de sempre, busca esclarecer, registrar e apreender de que forma o homem sem vínculos - figura central dos tempos modernos - se conecta."
"RESISTÊNCIA" é a história de AGNÈS HUMBERT, uma mulher que desafiou Hitler; é uma espécie de diário secreto dela, publicado incialmente na França, em 1946 e depois esquecido. "Até a sua captura, nos primeiros meses de 1941, AGNÈS registrou os fatos, dia após dia, e suas anotações nos permitem acompanhar cada passo da Resistência. Feita prisioneira, ela não tinha como escrever em seu diário. Contudo, ao ser libertada, em 1945, dedicou-se a repassar os fatos em sua memória para registrá-la ainda no calor dos acontecimentos."(...). É o testemunho do espírito indomável de uma mulher, e um tributo eloqüente ao sacrifício e à coragem dos seus camaradas que não sobreviveram."
O livro é prefaciado por MARINA COLASANTI que, a certa altura, destaca:
"As mulheres sempre perdem a guerra. Não a querem, mas a perdem. O livro de Agnès Humbert, entretanto, consegue não ser um livro de perdas. Eu diria até que é um livro de conquistas. Quando se é obrigada a passar seis semanas sem trocar a roupa íntima, proibida de lavá-la e praticamente sem lavar-se, quando os piolhos infestam a cabeça e a fome devora o estômago, manter a dignidade é uma conquista diária. Quando o trabalho é forçado e massacrante, quando não há agasalho contra o frio nem colchão para deitar, quando não há espaço, não há proteção, não há trégua, manter vivos fraternidade e altruísmo é uma conquista."
Por fim, "O LIVRO DAS CITAÇÕES", de EDUARDO GIANNETTI, "fruto de três décadas de garimpo" do autor e feito integralmente de fragmentos de outros livros! "O prefácio é uma coleção de citações sobre a inutilidade dos prefácios; a conclusão reúne passagens sobre a arte de concluir."
Parece um material maravilhoso, não?
Agora você entendem por que não resisti a eles?
É sedução pura, caríssimos!...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

EXERCÍCIO PARA QUEM GOSTA DE ESCREVER

( Imagem de autor desconhecido )

(...) Catar conchinhas... Eis aí uma deliciosa brincadeira para quem deseja ser escritor. A alma é um grande mar que vai depositando conchinhas no pensamento. É preciso guardá-las. Quem deseja ser escritor há de aprender com as crianças a catar conchinhas, pensamentos avulsos como esses com que estou brincando, e guardá-las num caderninho.(....) O problema com os aprendizes é que eles pensam que literatura se faz com coisas importantes. O que torna a conchinha importante não é o seu tamanho, mas o fato de que alguém a cata da areia e a mostra para quem não a viu: "Veja...".
Literatura é mostrar
conchinhas...


RUBEM ALVES

domingo, 23 de novembro de 2008

SILÊNCIO...

[ Tem gente que não gosta dele;
às vezes, até se incomoda...
... mas é preciso aprender a ouvi-lo!... ]



ESSÊNCIA...

DA VIDA!

[ A imagem, eu encontrei em um dos muitos blogs da MEL,
mas desconheço sua autoria. ]

sábado, 22 de novembro de 2008

"CLICK"!

POOL AND VIEW
CRIS MENA
[ Uma integração total com o AZUL...
Silêncio, luz e cor...
Serenidade!...
Quem não precisa de momentos assim?... ]

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

PARA ENTRAR NO TOM

"Canta, canta, minha gente,
deixa a tristeza pra lá!...
Canta forte, canta alto,
que a vida vai melhorar!..."

MARTINHO DA VILA
( Desconheço o autor da foto )

O MELHOR AMOR

[ Para que o AMOR, em nós,
seja FONTE DE VIDA!...]

Uma vez ouvi alguém dizer: " O melhor amor é aquele que provoca em nós os nossos melhores sentimentos." Isto já tem mais de trinta anos, a frase ficou grudadinha na minha memória.
Retomo-a agora. É uma frase intrigante. Primeiro porque instila a idéia de que existe um "melhor amor". Se assim é, então deve existir também um "pior amor". Isto desestabiliza a idéia de que o amor é sempre uma coisa una e indivisível, que é em si sempre algo sublime, fora de nós, e que certos amantes é que não sabem como lidar com ele.
Ocorreu-me de novo aquela frase, porque alguém ( há sempre alguém nos dando frases de presente ), numa conversa banal, disse que fulano era especialista em murchar mulheres. Havia casado umas três vezes e o que eram namoradas viçosas e apetecíveis transformaram-se em cinzas e apagadas matronas olhando a vida como um trem que se afastasse deixando-as murchas na estação.
Tem gente, portanto, que tem DNA de sanguessuga. Crava o dente na alma do outro e a esvazia. No entanto, a convivência amorosa deveria trazer vida, alegria, comunicabilidade, enfim, despertar em cada um o que cada um de melhor tem.
Em Belo Horizonte, houve uma miss Brasil esfuziantemente linda, que casou com um empresário e obnubilou. É essa a palavra que me ocorre, e - como dizia o mestre Aurélio - a gente tem que dar oportunidade às palavras. A moça enevoou-se, apagou-se, sumiu do mapa, seqüestrada na tristeza. Obnubilou-se.
Alguém vai dizer: "Isto também ocorre do lado feminino." E eu não sei? Já não vimos aquele filme com a Marlene Dietrich, O anjo azul, em que "a mulher fatal", como uma aranha no cio, uma gafanhota perversa, vai destruindo o indefeso e apaixonado professor?
Picasso foi um grande, imenso exemplo de destruidor de mulheres. Algumas se matavam, outras iam enlouquecendo. Isto pode ser revisto naquele filme tirado do livro que uma de suas mulheres escreveu. Aliás, se acharem suspeitos os depoimentos expressos pela vida de suas sete esposas oficiais, basta considerar a frase que Paul Éluard - poeta francês contemporâneo do pintor - certa vez disse depois de fazer um exame de caligrafia daquele minotauro amoroso: "Picasso ama intensamente, mas ele destrói quem ama."
Portanto, se há um "melhor amor" e um "pior amor", há amor que mata e amor que vivifica. Por isto, alguém pode indagar: "Por que há gente que fica presa ao 'pior amor'? Por que sofre de insônias? Por que fica grudada no telefone que não toca? Por que continua dando presentes e recebendo rejeição de volta? Por que tolera certas humilhações públicas e íntimas?"
É que nem sempre se pode sair de um pântano, de uma areia movediça, sem agarrar-se a um galho, uma corda ou outro tipo de socorro. E as neuroses são como o cigarro. O fumante, mesmo sabendo que aquele vício mata, nem sempre consegue dele se libertar. E assim como quem já deixou a bebida sabe que não se deve tomar um trago nem por brincadeira, quem já sofreu burramente por causa de um amor ruim deve precaver-se.
O melhor amor é aquele que desperta em nós os nossos melhores sentimentos. Aí, então, nossa pele remoça, os olhos brilham e somos capazes de atravessar os anos numa fecundante aura.
Affonso Romano de Sant'Anna
em "Tempo de Delicadeza"

( Imagem de autoria desconhecida )

METÁFORA (II)

Os anos
são velhos sinos
que repicam
com expressão de nostalgia:
tempo bom!... tempo bom!...
tempo bom!...

( Imagem de autor desconhecido )


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

SIMPLES...

Quero que a menina me tome pelas mãos
e me ensine, de novo, a correr pela vida
sem cuidados ou medida.

Quero um tempo de mim,
com asas e borboletas
brotando pelos jardins.
Um tempo de ressonâncias
e sonhos abertos ao vento -
invisível companheiro da memória...

Quero, outra vez,
sentar à sombra das árvores,
abrir portas
para histórias encantadas
e decorar o céu
em seu bordado de estrelas.

Porque
há um sentido em cada coisa,
e viver pode ser simples
como uma flor...

PRECONCEITO

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

RODA VIVA

"Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu.
A gente estancou de repente
ou foi o mundo, então, que cresceu?
A gente quer ter voz ativa,
no nosso destino mandar,
mas eis que chega a roda viva
e carrega o destino pra lá..."
( CHICO BUARQUE )
[ Se momentos assim nos chegam, apontando desânimo e apatia,
é hora de recarregar a alma; buscar na vontade firme,
o apoio para sair da paralisia momentânea
e seguir adiante neste percurso abençoado que se chama VIDA!...]
( Desconheço a autoria da imagem )

terça-feira, 18 de novembro de 2008

NECESSIDADE

"É preciso ser leve como o pássaro,
e não como a pluma."

PAUL VALÉRY-
Poeta e filósofo francês
( Imagem de autor desconhecido )

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

PALAVRAS SÁBIAS

( Desconheço o autor da imagem )

TRADUZINDO...

As ovelhas que lêem muito
se tornam negras.
[ E cultas também! ]
( Ilustração de Elena Ospina )

sábado, 15 de novembro de 2008

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA ( "BLINDNESS")


Há dois dias, assisti a esse maravilhoso filme! Já conhecia alguns fragmentos do livro - profundo e instigante, mas ainda não o havia lido integralmente.
Fiquei com a cabeça fervilhando...
É um filme que nos faz enxergar!...
Assitam! "Sua visão do mundo nunca mais será a mesma"!

SINOPSE:
"O vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, JOSÉ SARAMAGO, e o aclamado diretor FERNANDO MEIRELES ( O Jardineiro Fiel, Cidade de Deus ) nos trazem a comovente história sobre a humanidade em meio à epidemia de uma misteriosa cegueira. É uma investigação corajosa da natureza, tanto a boa como a má - sentimentos humanos como egoísmo, oportunismo e indiferença, mas também a capacidade de nos compadecermos, de amarmos e de perseverarmos.
O filme começa num ritmo acelerado, com um homem que perde a visão de um instante para outro enquanto dirige de casa para o trabalho e que mergulha em uma espécie de névoa leitosa assutadora. Uma a uma, cada pessoa com quem ele encontra - sua esposa, seu médico, até mesmo o aparentemente bom samaritano que lhe oferece carona para casa terá o mesmo destino. À medida que a doença se espalha, o pânico e a paranóia contagiam a cidade. As novas vítimas da "cegueira branca" são cercadas e colocadas em quarentena num hospício caindo aos pedaços, onde qualquer semelhança com a vida cotidiana começa a desaparecer.
Dentro do hospital isolado, no entanto, há uma testemunha ocular secreta: uma mulher ( JULIANNE MOORE , quatro vezes indicada ao Oscar ) que não foi contagiada, mas finge estar cega para ficar ao lado de seu amado marido ( MARK RUFFALO ). Armada de uma coragem cada vez maior, ela será a líder de uma improvisada família de sete pessoas que sai em uma jornada, atravessando o horror e o amor, a depravação e a incerteza, com o objetivo de fugir do hospital e seguir pela cidade devastada, onde eles buscam uma esperança.
A jornada da família lança luz tanto sobre a perigosa fragilidade da sociedade como também no exasperador espírito de humanidade."
****************
Saí do cinema decidida a fazer a leitura do livro.
Acho que será muito enriquecedora a todos nós!
Por isso, desde já, deixo aqui alguns de seus trechos ,
como meditação e incentivo a que vocês também se interessem por ele!
************


"Se podes olhar, VÊ. Se podes ver, REPARA."


( Fonte da imagem: www.leomello.com )
"Penso que não cegámos, penso que estamos cegos,
Cegos que vêem,
Cegos que, vendo, não vêem."

********

" (...) O medo cega, disse a rapariga de óculos escuros, São palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos (...)"

*******

"(...) Se antes de cada acto nosso nos puséssemos a prever todas as conseqüências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada por todos os dias do futuro, incluindo aqueles infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão, aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que tanto se fala."

***************





NAS "DOBRAS" DO SONO...


( Imagem de autoria desconhecida )

terça-feira, 11 de novembro de 2008

CONEXÃO

( Desconheço o autor da foto )

O NOME DO TESOURO

[ Mais um incentivo ao nosso desbravamento individual... ]

O grande tesouro é cada um!
Você é o seu tesouro e seu natural explorador.
É preciso decifrar o mapa e saber que tesouros são variados:
tem tesouro só de ouro
tem tesouro só de prata
tem tesouro só de diamante
tem tesouro que é legítimo
tem tesouro que é pirata
só de pedra preciosa
só de rima
só de prosa
só de quadros preferidos
só de vinhos
só de rosa
só do que acho que é lindo
só do que é bem-vindo.
Tem tesouro que, escondido,
está bordado nos sentidos
e a gente não vê não escuta
não fareja não degusta não sente
tem tesouro safado
tem tesouro inocente
há os ilustres
e há ilustres embustes.
"Conhece-te a ti mesmo" é excelente dica
para se saber o segredo da esfinge
mas há tesouro de verdade
e há tesouro que finge
há tesouro que é louro
mas há tesouro que tinge
há tesouro que nada alcança
há tesouro a que nada atinge.
É esse o desafio, conhecer-se:
sua casa seus corredores suas panelas seus esconderijos
os amigos dessa casa seus sabotadores
suas maravilhas seus horrores.
Pois que pode ser que no meio do baú
encontre-se junto à riqueza algum mato
algum ferro velho algum carcomido casco de navio
algum joio algum lodo alguma lama com certeza
o lixo ao lado do luxo
e é nosso o trabalho de escolhas.
Um trabalho fundo eterno e constante
há tesouro que é certo
há tesouro que é errante
mas a boa-nova é que tudo tem jeito
porque todo tesouro é mutante.
ELISA LUCINDA
São Paulo,29 de março de 2004
Fonte do poema: "A Fúria da Beleza"
**********
" O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando.
Afinam e desafinam. Verdade maior.
É o que a vida me ensinou.
Isso que me alegra, montão."
( Riobaldo, no romance
"Grande sertão: veredas", de Guimarães Rosa )
( Imagem de autor desconhecido )






segunda-feira, 10 de novembro de 2008

ESSENCIAL É...

ENTERNECER-SE
POR TUDO
QUE SE CHAMA VIDA!...
( Imagem de autor desconhecido )

UM TEXTO; UMA REFLEXÃO

À ESPERA DOS BÁRBAROS
( Affonso Romano de Sant'Anna )
Fonte da imagem: www.photobucket.com

O poeta grego Konstantinos Kavafis ( 1863-1933 ) tem um intrigante poema chamado "À espera dos bárbaros", em que narra que uma cidade vivia em função da chegada desses estranhos. Tudo estava ligado a isso. Ninguém modificava mais nada, porque os bárbaros vinham aí. Senadores não legislavam mais, para quê? apenas esperavam; cônsules punham suas togas bordadas, aguardando; o povo reunia-se na praça principal especulando, e até o rei postou-se na porta da cidade para saudar os invasores.
Sucedeu, no entanto, que notícias vindas das fronteiras, espantosamente, afirmavam que não havia mais bárbaros. E o poema termina dizendo:
"Sem bárbaros o que será de nós.
Ah! Eles eram uma solução."
O que espera a pessoa que espera?
Qual a função da espera?
O que o esperar pode ocultar?
A psicanálise fala da "espera angustiante", que provoca pesadelos, alucinações e incômodos de toda ordem.
Não parece ser esta exatamente a situação descrita nesse poema. Ao contrário, as pessoas estão bem dentro dessa espera. Alojaram-se nela confortavelmente. A espera as faz adiar projetos, obrigações, enfim, a vida.
No caso brasileiro, um povo que há quinhentos anos espera ser "o país do futuro", há uma outra frase que também explica nossa vocação para a espera: "Calma que o Brasil é nosso".
Claro que, nesse caso, reconheçamos, o que era uma espera calma está se tornando uma espera angustiante.
Em O deserto dos tártaros, Dino Buzzatti descreve uma fortaleza na borda do deserto, esperando um ataque inimigo, que nunca ocorre. As sentinelas ficam ali aguardando-aguardando e nesse aguardar passam a vida.
Em O castelo, Kafka narra a situação do personagem que passou toda a vida inutilmente esperando que a porta do castelo se abrisse para ele, sem se dar conta que ela, na verdade, já estava aberta.
Em Esperando Godot, Beckett coloca dois personagens esperando um misterioso personagem, que está para chegar, o qual não sabem quem é nem quando virá, mas essa espera vazia preenche suas vidas.
Eis aí exemplos da espera como uma forma concreta e imaginária de preencher o vazio.
Tanto quanto na ficção, na realidade muitas vezes espera-se que a solução venha de fora. Ainda que através de um choque, revolução ou catátrofe. Neuróticos podem esticar sua neurose ao extremo para ver se alguém os socorre, como quem procura o lugar mais fundo da piscina para que outros, alarmados, o salvem.
Algumas religiões estipulam o juízo final como uma espécie de catástrofe redentora que, paradoxalmente, possibilitaria a redenção.
É também a salvação de fora para dentro.
Da mesma maneira outros concebem a danação vinda também de fora para dentro, como forma culposa de redenção.
É estranho, mas, às vezes, o oponente, o mal, o invasor, o bárbaro terminam por conferir sentido às pessoas e comunidades.
O desnorteante é descobrir que o mal às vezes é imaginário, o oponente está dentro de nós e os bárbaros não virão.
Crônica extraída do livro "Tempo de Delicadeza"

domingo, 9 de novembro de 2008

POESIA DOS ANOS 70


25 anos atrás,
o Brasil se despedia de um de seus grandes ícones da poesia dos anos 7o:
ANA CRISTINA CÉSAR, a quem homenageamos aqui,
divulgando um de seus instigantes poemas, escrito em 02/10/71:

Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria rir, chorar
ou pelo menos sorrir
com a mesma leveza com que os ares me beijavam.
Eu queria entrar
coração a coração,
inteiriça,
ou pelo menos mover um pouco,
com aquela parcimônia que caraterizam
as agitações me chamando.

Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.

Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.

Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.

Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio.
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las.

Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.

ANA CRISTINA CÉSAR
(RJ- 02/06/52 - RJ- 29/10/83)
Uma das principais poetas da geração mimeógrafo
ou da chamada literatura udigrudi ou marginal dos anos 70.

A quem interessar possa,
sugiro dois de seus livros para início de viagem por seu universo poético que defino com suas próprias palavras: "é jazz do coração"...

E que essa música conquiste,
produza ritmos novos ,
seja um novo tom para
a POESIA DA VIDA!



sábado, 8 de novembro de 2008

DE SÓCRATES PARA TODOS OS TEMPOS:


( Imagem de autor desconhecido )

SELINHO DE CORAÇÃO PARA CORAÇÃO

Ganhei mais este selinho!
Uma gentileza que a Beth, do "Mãe Gaia", me fez!
Agradeço muuuuito!
E aproveito para indicá-lo a alguns amigos queridos, como representantes
de todos vocês, cujos corações nos têm enternecido
com publicações delicadas dia após dia...

And the winners are:

Marilac - "Sentimentos e Palavras"/ Olívia - "Pensamentos Soltos Traduzidos Em Palavras"/ Beatriz - "Arttis ab Anima"/ Marília - "Inutilidade Fabricada"/Cátia - "Rastros de Impressões"/ Mel- "Qualquer coisa de Flor"/ Hay - "Passa Nuvem, Passa Estrela" / Janah - "Reticências..."

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

HOJE É DIA DE CECÍLIA!

Alguns companheiros da net nos convocaram a publicar hoje,
lembranças e poemas de CECÍLIA MEIRELES,
essa maravilhosa poetisa da geração modernista de '30.
É que, nesta data, recordamos os seus 107 anos de nascimento,
para glória da literatura nacional!
Não poderia, portanto, ignorar essa bela iniciativa!
Também tenho me beneficiado, ao longo dos anos,
de sua sensibilidade poética
e quero registrar aqui minha profunda admiração por seu trabalho!

Selecionei, assim, para nossa reflexão, um de seus poemas
que me tocam de forma especial:
POEMA DA RENÚNCIA
Dar a serenidade dos meus olhos
aos cegos,
para verem,
e, aos enfermos,
dar a minha coragem
de caminhar!
Ser a lágrima dos pobres,
e a sua bênção...
Dar-lhes a súplica, e a minha voz,
para as adorações...
Ser, para os infelizes,
o manto que se estende
à hora da tempestade,
sob o desespero e a alucinação
da chuva e do vento,
a alguém que passa, perdido...
Gosto de não querer
nada mais...
Gosto de suprema
Renúncia...
Gosto divino
da Morte-Viva...
Baixar as pálpebras
e dispersar-se...
Deixar de ser!...
Deixar de ser!...
...........................
Dar a serenidade dos meus olhos
aos cegos.
para verem,
e, aos enfermos,
dar a minha coragem
de caminhar!
*********************
"Quero crer que a grandeza maior do lirismo ceciliano é a de ser tão contíguo à vida, uma forma de respirar poeticamente..."
WALMIR AYALA

********

( Desconheço a autoria da foto )

terça-feira, 4 de novembro de 2008

LIBERDADE!...

( Desconheço a autoria da imagem )

PALAVRA

"A PALAVRA
JÁ É UM RUMO."
VIVIANE MOSÉ
em "Desatos"
( Fonte da Imagem: www.olhares.com )

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

REFLEXÕES PARA O DIA DE HOJE

"O bem é mais poderoso que o mal.
Podemos realmente experimentar
essa boa nova em nosso corpo."
"Podemos fazer o que precisa ser feito
hoje tão bem quanto nos for possível,
sem termos de fazê-lo perfeitamente.
O importante é o progresso, não a perfeição."

*********

"A aceitação é o meio mais eficaz para aquietar a desarmonia e
é a chave para nos abrirmos à sabedoria que se revela a cada momento."
*********

Fragmentos retirados do livro "Oração da Serenidade", de Phillip St. Romain/ Imagem de autor desconhecido.


"CLICK"!

COLHEITA DE PRIMAVERA

LUÍS MENDES


domingo, 2 de novembro de 2008

VOZ INTERIOR

Uma voz
dentro de mim...
Um sentido
crescente
que me pede:
[ Imagem: GERCHMAN ]

TRADUZINDO...

"Viver nos corações
que deixamos para trás
é não morrer."

sábado, 1 de novembro de 2008

CONFIDÊNCIA

"Mas, se esqueço a paciência,
me escapam o céu
e a margarida-do-campo."
ADÉLIA PRADO
em
"Tudo que eu sinto esbarra em Deus"
( Imagem de autor desconhecido )

PARA APRENDERMOS A OUVIR...

[ Porque a arte de ouvir nos
requer atenção e cuidado com o outro...]
Fonte da imagem: www.interjornal.com.br
O ato de ouvir exige humildade de quem ouve. E a humildade está nisso: saber, não com a cabeça, mas com o coração, que é possível que o outro veja mundos que nós não vemos. Mas isso, admitir que o outro vê coisas que nós não vemos, implica reconhecer que somos meio cegos... Vemos pouco, vemos torto, vemos errado. Bernardo Soares diz que aquilo que vemos é aquilo que somos. Assim, para sair do círculo fechado de nós mesmos, em que só vemos nosso próprio rosto refletido nas coisas, é preciso que nos coloquemos fora de nós mesmos. Não somos o umbigo do mundo. E isso é muito difícil: reconhecer que não somos o umbigo do mundo! Para se ouvir de verdade, isso é, para nos colocarmos dentro do mundo do outro, é preciso colocar entre parênteses, ainda que provisoriamente, as nossas opiniões. Minhas opiniões! É claro que eu acredito que as minhas opiniões são a expressão da verdade. Se eu não acreditasse na verdade daquilo que penso, trocaria meus pensamentos por outros. E, se falo, é para fazer com que aquele que me ouve acredite em mim (...).
É norma de boa educação ficar em silêncio enquanto o outro fala. Mas esse silêncio não é verdadeiro. É apenas um tempo de espera: estou esperando que ele termine de falar para que eu diga a verdade. A prova disto está no seguinte: se levo a sério o que o outro está dizendo, que é diferente do que penso, depois de terminada a sua fala eu ficaria em silêncio, para ruminar aquilo que ele disse, que me é estranho. Mas isso jamais acontece. A resposta vem sempre rápida e imediata. A resposta rápida quer dizer: "Não preciso ouvi-lo. Basta que eu me ouça a mim mesmo. Não vou perder tempo ruminando o que você disse. Aquilo que você disse não é o que eu diria, portanto está errado...".
Rubem Alves
em "Ostra feliz não faz pérola"


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