terça-feira, 15 de julho de 2008

UMA CRÔNICA

Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou o meu braço, falou qualquer coisa que eu não entendi. Fui logo dizendo que não tinha, certa de que estava pedindo dinheiro. Não estava. Queria saber a hora.
Talvez não fosse um Menino de Família, mas também não era um Menino de Rua. É assim que a gente divide. Menino de Família é aquele bem-vestido, com tênis da moda e camiseta de marca, que usa relógio e a mãe compra outro se o dele for roubado por um Menino de Rua. Menino de Rua é aquele que quando a gente passa perto, segura a bolsa com força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão.[...]
Na verdade, não existem meninos De rua. Existem meninos Na rua. E toda vez que um menino está Na rua é porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos aos lugares. Assim como são postos no mundo, durante muitos anos também são postos onde quer que estejam. Resta ver quem os põe na rua. E por quê.

MARINA COLASSANTI
( Desconheço o autor da foto )

Um comentário:

Irmão Sol, Irmã Lua disse...

Importante "Sorella" é avaliar a nossa parcela de culpa diante desta grave questão humana. Costumamos responsabilizar o poder público, a questão social e a dificuldade econômica e esquecemos de procurar fazer a nossa parte, evitando preconceitos e levando um pouco de afeto a esses corações tão carentes e frágeis.

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